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Crise? Que crise?

Dados apontam que o U da crise econômica mundial sai da extremidade e começa a subir; Mas para a região houve crise?

Edinei Wassoaski

CANOINHAS
 
Emprego em queda livre, bolsas em pânico, empresas fechando, pessoas perdendo suas casas, grandes marcas se unindo. O cenário da crise econômica mundial que se instalou em setembro de 2008 com o estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos não fez menos estrago no Brasil, mas o País resistiu mais que muitas nações à voracidade da crise considerada uma das maiores da história, comparada com o crash da bolsa em 1929.
Mas se a marolinha de Lula virou tsunami, as águas não chegaram a inundar todo o País. Considerando a região, Canoinhas, por exemplo, não sentiu nem a metade do que São Bento do Sul sentiu dos efeitos da crise. Desde que a crise começou várias empresas – principalmente do setor moveleiro – fecharam na cidade e o êxodo de canoinhenses para a cidade foi reverso com o retorno de muitos que haviam ido tentar a sorte na cidade conhecida por abrigar a colonização alemã na região.
Para o professor da Universidade do Contestado (UnC) Canoinhas, Roberto Bauer, é fato que a crise foi muito mais cruel com São Bento do Sul. “Ocorre que o problema começou no início de 2008, com o real valorizado e piorou com a crise internacional, já que muitas empresas daquela região são grandes exportadoras de móveis. Para aquelas empresas, o dólar alto mascarava a falta de infraestrutura logística e os custos da burocracia. Sem a ajuda do dólar, o setor se ressentiu da falta de competitividade internacional e também diante dos importados que entraram no País”, avalia.
Bauer lembra que por outro lado, as empresas canoinhenses conseguiram passar bem pela valorização do real (R$ 1,56 em final de julho de 2008). “Já estavam mais ajustadas em relação aos custos/receitas; portanto, sofreram menos que as empresas moveleiras”, define.
Para o empresário Estevão Fuck, diretor da Empresa Fuck, que exporta cerca de 90% da produção de compensados da unidade Três Barras, a crise não foi exatamente branda com o setor. O que garantiu à empresa manter empregos foi um rígido ajuste como o ocorrido com a redução de horas extras. “Atingimos o ponto mais baixo dessa crise e agora a tendência é o crescimento”, acredita.
Hilton Ritzmann, diretor da Compensados Procopiak, aponta para o problema levantado por Bauer. “Aqui vivemos outro tipo de crise. A da valorização do real e a queda nas vendas. Essa não passou, e também não vislumbramos seu fim. Os economistas estão já alertando o Governo que algo há de ser feito com relação ao dólar. Uma intervenção é preciso acontecer. Os exportadores aguardavam uma decisão positiva com relação ao crédito prêmio do IPI, que compensaria essa situação e daria mais fôlego às empresas. Isso, todavia, não aconteceu. Se o Governo quer mesmo, como alega, ajudar o setor exportador, ai estaria uma solução. Enfim, a crise não passou para a economia de nossa região”. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal decidiu que as empresas que compensaram o crédito-prêmio do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) depois de 1990 terão de devolver o dinheiro ao governo, já que Lei aprovada naquele ano extinguia o crédito criado em 1969 para estimular as exportações.
 
Investindo em tempos de crise
 
Em setembro do ano passado, quando a crise estourou, Francisco Vital Pereira estava prestes a iniciar o segundo prédio do Santa Catarina Plaza Hotel. Decidiu esperar temendo o que a crise poderia trazer. No mês passado decidiu que o pior já passou e que o investimento era imperativo. Há mais de um mês, operários trabalham em ritmo frenético na construção do novo prédio. São mais 49 apartamentos, nova sala de convenções e um novo restaurante. O prédio deve estar pronto em 18 meses em uma área construída de 2,7 mil m². “Observamos que neste primeiro semestre, apesar da crise, o movimento no hotel não diminuiu em relação ao mesmo período do ano passado”, revela. Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Canoinhas, no 1.º semestre, das 233 pessoas que visitaram o portal de entrada do município, 157 indicaram que estavam na cidade a negócios.
Tico Scholze também pretende ampliar o Hotel Scholze, mais antigo da cidade, em atividade desde 1927. Além de investir em um aquecedor térmico, está construindo mais oito apartamentos, pretendendo chegar a 40 quartos. “Estamos investindo, acreditando no potencial da cidade”, afirma o empresário.
Outro empreendimento que deve inaugurar em 2010 é o maior prédio já construído em Canoinhas. O edifício Maria da Salete, que está sendo construído há cinco anos pela Construtora Borille, de União da Vitória-PR, terá 40 apartamentos.
No ramos empresarial, a Fricasa anunciou há duas semanas no CN que pretende aumentar a capacidade produtiva do abatedouro de suínos de Canoinhas. Mais empregos e mais dinheiro movimentando a economia.
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